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Secretários admitem falta de preocupação com aprendizado do jovem

ADMto agosto 16, 2012 Nenhum comentário

Secretários admitem falta de preocupação com aprendizado do jovem

A evolução dos índices que se propõem a mensurar qualidade da educação feita no Brasil engatinha na etapa que antecede a entrada no mundo do trabalho e na universidade. As médias do ensino médio, fase final da educação básica, em todos os Estados mostram que não há motivos para comemorar e, sim, para preocupação. Gestores admitem que o País não se preocupa com a aprendizagem dos jovens brasileiros.

“O Brasil está demorando a acordar para o problema do ensino médio. Nenhum Estado tem motivo para comemoração. Os índices são ruins em termos de Brasil”, afirma o secretário da rede estadual de educação do Rio Grande do Sul , José Clovis de Azevedo. O Estado é um dos 11 que não alcançaram as metas de qualidade estabelecidas pelo Ministério da Educação para 2011. Para ele, é preciso aumentar investimentos e fazer mudanças profundas nos currículos.

Na opinião de Azevedo, a quantidade de disciplinas obrigatórias no ensino médio dificulta, mas não impede um trabalho de qualidade. O maior problema nessa fase, para ele, é dar sentido ao que se ensina em sala de aula. “Não é suprimir conhecimento que vai resolver (disse em referência à defesa de Mercadante) e sim as disciplinas se articularem. O conhecimento precisa ser articulado e o currículo precisa ter sentido para os estudantes”, pondera.

A Secretaria Estadual do Rio Grande do Sul, assim como a de Alagoas, por exemplo, já havia feitos diagnósticos próprios da qualidade do ensino médio e não se surpreendeu com os resultados obtidos. No Rio Grande do Sul, assim como em outros oito Estados (Acre, Pará, Maranhão, Paraíba, Alagoas, Bahia, Espírito Santo e Paraná), as notas obtidas em 2011 ainda foram menores do que as de dois anos atrás.

Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), criado em 2005 e divulgado a cada dois anos, mostram que o País estagnou no ensino médio. Com as médias mais baixas da educação básica, o ensino médio cresceu apenas 0,3 ponto nacionalmente desde 2005, ficando em cima da meta proposta. Apenas três Estados têm médias superiores a 4: São Paulo, Santa Catarina e Paraná (que perdeu 0,2 ponto nos últimos dois anos, mas cumpriu sua meta).

O Rio Grande do Sul precisava subir apenas 0,1 ponto para chegar ao objetivo traçado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para este ano. Em 2009, o ensino médio tinha média 3,9 no Estado. Agora, caiu para 3,7. Para chegar ao índice esperado em 2013, terá de crescer 0,6 ponto. Uma tarefa bastante difícil diante do desafio. Alagoas, que precisava subir 0,2 ponto para cumprir o combinado, perdeu essa mesma quantidade e possui a baixa nota de 2,9. O Ideb varia de 0 a 10.

Investimento em ensino técnico

Ademir Oliveira, assessor especializado em avaliação da Secretaria Estadual de Alagoas, admite que o desempenho ruim era esperado e, pior, não vê perspectiva de melhora em um curto prazo. “Em educação, não há respostas imediatas. A próxima avaliação será feita no ano que vem. Em um ano não dá para garantir mudanças. Mas queremos, pelo menos, minimizar o desastre”, afirma. O Estado aplicou uma avaliação própria no ano passado e, em janeiro, iniciou ações.

Segundo Oliveira, cada escola recebeu um relatório dessa avaliação, com ponderações sobre falhas e dificuldades. A rede está montando convênios com a Universidade Estadual de Alagoas para ajudar nos projetos de correção de fluxo das escolas. O índice de reprovação no Estado (nesta etapa) chega a 25%. Além disso, eles apostam no ensino técnico aliado ao ensino médio para aumentar o interesse dos jovens pela escola.

Aposta também feita pelo Rio Grande do Sul, que criou o ensino médio politécnico e oferece educação profissional integrada à educação regular. A proposta é fruto de debates realizados no ano passado com as escolas. A reestruturação dos currículos começou este ano com o 1º ano do ensino médio e terminará com o 3º em 2014. “Criamos espaço de pesquisas para os alunos também, onde eles têm acesso ao mundo do trabalho, da cultura, das comunicações”, conta Azevedo. Ao final do ano, serão 200 horas letivas a mais nos currículos.

Professores

A carência de profissionais, a falta de formação adequada e a necessidade de melhoria das carreiras aparecem entre os problemas a serem enfrentados pelos gestores para mudar essa realidade. Alagoas quer contratar 4 mil profissionais para a rede estadual de ensino, que é a carência atual. No Rio Grande do Sul, concursos serão feitos e a ideia é melhorar a carreira e investir na formação continuada.

“Precisamos investir muito mais em educação se quisermos superar esses gargalos. Além disso, é preciso superar a naturalização da reprovação. Não podemos tolerar índices de 10%, 20% de reprovação. O fracasso tem de ser um resíduo. Isso não significa aprovar sem aprender, precisamos nos responsabilizar, como sociedade, pela aprendizagem desses estudantes”, pondera.

Estudos e futuras ações

No Acre, cuja média caiu 0,1 ponto (e estava estacionada em 3,5 desde 2007), os gestores ainda buscam explicações para os resultados. “Estamos fazendo uma profunda reflexão sobre as nossas políticas, porque é inadmissível nossa média cair depois de todo o esforço feito por diretores e professores e os investimentos nessa etapa”, comenta Josenir Calixto, diretor de ensino da Secretaria Estadual de Educação.

Calixto ressalta que o Estado ainda enfrenta o desafio de dar acesso ao ensino médio a todas as crianças, por causa das distâncias. As matrículas vêm crescendo na rede. “Os currículos são mesmo um problema, porque a quantidade de matérias complica a organização do trabalho dentro da escola. Precisamos oferecer algo que dialogue com o mundo desse jovem”, diz. Eles se preparam para organizar planos de ações com as escolas.

A reestruturação dos currículos também será feita em Sergipe, onde a média está estagnada em 3,2 desde 2009 e longe da meta de 3,6 para este ano. A rede estadual aposta também nos aprimoramentos dos processos de gestão escolar para mudar o cenário do ensino médio local.

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