Por exigir bastante atenção dos vestibulandos, questões de interpretação de textos estão entre as mais difíceis para muitos estudantes. Tanto para concursos com textos longos e complexos quanto para aqueles com peças menores e mais simples, não há fórmulas mágicas para se dar bem em todas as questões, mas existem dicas úteis para a hora da prova.

“Não existe uma ciência para interpretar textos, nem técnicas precisas para isso, mas sim recursos fáceis de serem executados, como ler atentamente o texto e avaliá-lo como um todo. Em seguida, é melhor resolver primeiro as questões mais simples, conceituais, ganhando mais confiança na hora de responder as perguntas mais difíceis”, ressalta o professor de português Claudio Caus, do Cursinho da Poli, de São Paulo.

Na preparação para a prova, Caus destaca a utilidade da leitura de diversas revistas e jornais, procurando não ler sempre as mesmas publicações e comparando a forma de noticiar os fatos adotada por cada um, além do uso do dicionário e de gramáticas. “Quanto melhor você enxergar os elementos que formam as palavras, melhor vai ser o seu desempenho, identificando a parte e o conjunto do texto, e tendo em mente que a língua portuguesa é a união de todos esses elementos, presentes separadamente na literatura e na gramática¿, afirma.

Professor recomenda duas leituras
Segundo o professor de português Rafael Riemma, do Colégio e Curso pré-vestibular Galois, de Brasília, mesmo não havendo uma fórmula milagrosa para o estudante ir bem na prova de interpretação de textos, existem técnicas que aumentam as chances de um bom desempenho. “A prova não é só pautada pela subjetividade: ela demanda todo um contexto de produção histórica do texto, em relação ao que foi escrito e ao que pode ser lido nas entrelinhas. Por isso, é importante fazer duas leituras: uma mais geral e outra mais centrada, na qual se deve enxergar a ideia do texto. É uma leitura mais calculada, de acordo com o contexto oferecido, não baseado em suposições, mas pautada por um fundamento teórico”, afirma Riemma.

Entender o contexto dos termos e expressões da peça analisada é fundamental. “O contexto é um delimitador semântico, que determina o significado de uma expressão. Se você mudar a combinação das palavras, pode mudar o sentido do texto também, pois o arranjo das palavras dá um significado diferente do que elas teriam isoladamente”, explica Riemma. As expressões “traficante alto” e “alto traficante”, por exemplo, têm significados diferentes: enquanto na primeira o adjetivo se refere à estatura, a segunda garante outro sentido à expressão. “Ele passa a ser o traficante mais procurado, com a mudança na combinação dos termos”, destaca o professor. O mesmo vale para a palavra medíocre, cujo significado original é mediano. “Mas se eu disser que você é um jornalista medíocre, você vai se sentir abaixo da média, e encarar isso como uma ofensa”, exemplifica.

Outra dica é sublinhar informações que sucedem conjunções adversativas, como “mas” e “porém”, além de elementos que dão coesão ao texto, como conectores e pronomes. “Essas informações vão ter maior expressão semântica no texto, e são muito úteis na hora de responder as questões”, garante Riemma.

Tranquilidade e atenção ainda são os principais conselhos dos professores. “Não tem mistério: basta ler com atenção e tentar controlar a ansiedade, sem responder as questões com pressa. É importante ler frase por frase, quando o enunciado for maior, e eliminar as questões erradas, mesmo se já tiver encontrado a alternativa correta. Todas as informações necessárias para responder as perguntas estão no próprio texto, por isso é preciso ter disciplina para enxergar que cada parágrafo tem uma unidade de ideias, com início, meio e fim”, destaca Claudio Caus. O professor de português do Colégio e Curso pré-vestibular Galois concorda: “Basta fazer uma leitura atenta e ativa do texto, enxergando as suas sutilezas e encontrando as informações mais importantes”.

 

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