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Inglês básico, intermediário ou avançado?

Inglês básico, intermediário ou avançado?

No decurso de nossas vidas, mudanças de comportamento e pensamento fazem parte da incorrigível natureza humana. Ano após ano, queiramos ou não, um turbilhão de dúvidas e emoções nos mostra quem (achamos que) somos, causando surpresa e até mesmo indignação a quem faz parte do nosso ciclo de contato ou amizade. Entre a verdade e a mentira, campeia uma palavra simples, mágica e poderosa, mas nem sempre devidamente valorizada: realidade.
No campo da linguagem, a realidade é recorrente, essencial e impiedosa. Na prática, ela é uma riqueza negligenciada desde o nosso nascimento, pois preferimos viver no campo da imaginação a enfrentar as obrigações e exigências do mundo (nem sempre tão) cruel e capitalista em que vivemos. Mundo este que espera de nós a máxima perfeição em quase tudo, em especial quando precisamos nos comunicar de forma oral, escrita ou por sinais com nossos pares ou dessemelhantes.
No que se refere à língua inglesa, a propósito, uma dúvida que invade muitos corações e mentes, salas de espera e salas de aula, é quanto ao nível de conhecimento que, em teoria, cada um de nós tem. Depois de alguns anos de estudo e dedicação, seria básico, intermediário, avançado – ou fluente? Sinceramente, essa é uma resposta não muito simples de ser formulada, mas igualmente não muito complicada de ser compreendida, pelo menos no Brasil – onde o inglês ainda é considerado uma “língua estrangeira” e o português não é, por assim dizer, uma das disciplinas mais apreciadas do nosso currículo escolar.
Eu parto do princípio de que já é estranho dizer que alguém tem conhecimento básico, intermediário ou avançado de qualquer coisa. Estas são denominações dadas para “facilitar” a vida dos gramáticos, linguístas e demais burocratas da área da linguagem. Outro ponto é que, pela minha experiência como educador há mais de duas décadas, aquilo que é considerado “básico” geralmente é o calcanhar de Aquiles dos nossos alunos brasileiros de inglês do chamado nível “avançado” – inclusive dos melhores (e de muitos “professores”)! Exemplos? Uso (inadequado) do simple present e simple past, plural dos nouns (substantivos), ortografia dos números cardinais – imagine o caos que envolve os ordinais, então – e pronúncia de algumas das aparentemente inofensivas letras do alfabeto. Alguém me explica isso?

Para mim, respeitando o sistema, quem está no ‘nível básico’ é capaz de fazer uso de palavras corriqueiras (e isoladas) e frases curtas (e geralmente rotineiras); no ‘nível intermediário’ já avançamos para a confecção de parágrafos curtos (que não exigem grande complexidade de abstração e argumentação); ao passo que no ‘nível avançado’ partimos para o manuseio de textos ou livros mais elaborados, bem como para a produção de textos similares a redações de cunho dissertativo-argumentativo – o que já é uma espécie de preparação para quem quer prestar testes internacionais como TOEFL (Test of English as a Foreign Language) ou IELTS (International English Language Testing System).
Vale aqui registrar a nobre tentativa do Junio (usuário do site englishexperts.com.br) de explicar a diferença existente entre os três níveis. Ele apresentou seu argumento da seguinte forma: no nível básico você seria como um robô; no nível intermediário você seria como um andróide (que em alguns momentos é capaz de demonstrar boa naturalidade); e no nível avançado você é como um ser humano (que demonstra muita naturalidade, mas pode errar, já que ninguém é perfeito). Eis um dos grandes segredos da área da linguagem, e da vida: nobody’s perfect, or infallible…
O perhaps, como diria um dos meus sobrinhos, é que estamos lidando até então com o que podemos chamar de ‘situação ideal’, em que o aluno faz a sua parte (onde quer que ele ou ela esteja), bem como o professor e a escola. Na prática, porém, não é exatamente isso o que acontece nas instituições de ensino do Brasil, inclusive nos cursos de Letras ou mesmo nas escolas de idiomas. O que não deixa de ser incômodo e intrigante, principalmente para os estrangeiros que nos visitam – que se mostram surpresos com a nossa ‘liberdade’ e ‘descompromisso’ com aquilo que, em tese, deveria ser encarado como prioritário em nossas vidas. Como estudar (e aprender), por exemplo.
Isso me faz lembrar do que disse um conhecido recentemente. Para ele, o que esperar de um povo que não leva a própria saúde (ou doença), a própria vida (ou morte) e nem a si mesmo (ou ao próximo) a sério? Que saibam que o conhecimento não está subdividido, por causa ou efeito de decreto ou lei, nos níveis básico, intermediário e avançado? Que aprendam línguas, muitas línguas, inclusive a ‘sua’ língua nacional de forma decente e convincente?

Maybe some other day…

(*) Jerry Mill é mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), Presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), Membro Representativo e Oficial de Intercâmbio do Rotary Club Rondonópolis

Fonte: http://www.atribunamt.com.br/?p=132946

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